Qualidade do carvão vegetal comercializado no Sudeste Paraense para cocção de alimentos

Palavras-chave: Carvão de resíduo de madeira, Churrasco, Cocção de alimentos, Região amazônica

Resumo

Em 2017, no Brasil, os setores residencial e comercial consumiram cerca de 677.000 toneladas de carvão vegetal. Devido à expressividade deste consumo, conduziram-se alguns trabalhos para atestar a qualidade desse combustível em vários estados, entretanto, no Pará, continuam incipientes pesquisas dessa temática. Portanto, aqui, objetivou-se caracterizar o carvão vegetal para cocção de alimentos comercializados no sudeste paraense e avaliar se a qualidade atende aos parâmetros indicados ao Selo Carvão Premium. Conduziu-se a pesquisa no município de Parauapebas, onde foram selecionadas três marcas de carvão (A, B e C) em três locais de venda diferentes, adquirindo-se pacotes com 5 kg em três meses, totalizando 15 kg. As variáveis analisadas foram: densidade relativa aparente, umidade base seca, poder calorífico superior, poder calorífico útil, densidade energética, materiais voláteis, cinzas, carbono fixo e composição química elementar (C, H, N, S e O). Os dados foram analisados em delineamento inteiramente casualizado, sendo três tratamentos e 18 repetições, totalizando 54 unidades amostrais. Todas as marcas apresentaram umidade acima de 5%, densidade relativa aparente superior a 420 kg m-3 e elevados percentuais de cinzas (> 1,5%). As marcas B e C apresentaram teores de materiais voláteis entre 17%-19% e de carbono fixo entre 78%-80%, respectivamente. O poder calorífico útil médio para os carvões da região foi de 6672 kcal kg-1. Os carvões vegetais para a cocção de alimento analisados apresentam baixa qualidade, entretanto, as marcas B e C foram as que mais se aproximaram dos padrões mínimos exigidos pelo Selo Carvão Premium do estado de São Paulo.

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Biografia do Autor

Rudson Silva Oliveira, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rua Prefeito Lothário Meissner, 632, 80210-170, Curitiba, PR, Brasil

Luan Felipe Feitosa da Silva, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rua Prefeito Lothário Meissner, 632, 80210-170, Curitiba, PR, Brasil

Fernando Wallase Carvalho Andrade, Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)

Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Rua Vera Paz, s/n, 68035-110, Santarém, PA, Brasil

Paulo Fernando Trugilho, Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Universidade Federal de Lavras (Ufla), Departamento de Ciências Florestais, s/n, 37200-000, Lavras, MG, Brasil

Thiago de Paula Protásio, Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)

Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Rodovia PA 275, km 13, s/n, 68515-000, Parauapebas, PA, Brasil

Selma Lopes Goulart, Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)

Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Rodovia PA 275, km 13, s/n, 68515-000, Parauapebas, PA, Brasil

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Publicado
2019-05-06
Seção
Artigos Científicos